quarta-feira, 29 de junho de 2011

Denúncia

RESGATANDO A VERDADE SOBRE A ÚLTIMA ELEIÇÃO DO NÚCLEO DO SINDSAÚDE DE SÃO GONÇALO


Após a divulgação da matéria “Eleições do Núcleo do Sindsaúde de São Gonçalo do Amarante ocorrem de forma antidemocrática” no Jornal Sindnotícias de maio de 2011, a Diretoria do Núcleo do Sindsaúde São Gonçalo vem por meio desta nota RESGATAR A VERDADE SOBRE A ÚLTIMA ELEIÇÃO DO NÚCLEO DE SÃO GONÇALO.

O resultado eleitoral que deu à Chapa 1 uma maioria de 77% dos votos válidos demonstram a avaliação da base sobre a diretoria. A última direção do Núcleo do Sindsaúde enfrentou três anos da gestão do prefeito Jaime Calado (PR), com muitos ataques aos direitos dos servidores, perseguições e falta de diálogo. Mas a categoria reconheceu que esta direção não fugiu à luta. Enfrentou de todas as formas os ataques: com greves, com atos públicos, com denúncias, armando-se com assessoria jurídica, fortalecendo a sua comunicação com os servidores, mas sobretudo mantendo-se independente deste e de todos os governos que atacam os trabalhadores

Calúnia da direção estadual do Sindsaúde
O método de calúnia aplicado pela diretoria estadual do Sindsaúde e difundido pelo seu jornal só serve ao objetivo de disputar de forma desonesta a direção do Núcleo e, com isto, enfraquecer a Oposição CSP-Conlutas no Sindsaúde que se coloca como alternativa para dirigir o Sindsaúde Estadual. De outra forma, não entenderíamos por que os principais dirigentes do Sindsaúde estadual passaram 8 dias em São Gonçalo do Amarante para disputar 304 votos, enquanto a maioria dos servidores estaduais, como professores, policiais e servidores da administração indireta estavam fazendo greves em defesa dos seus direitos e por reajuste salarial. E a saúde? Nada.

O outro objetivo da direção do Sindsaúde Estadual é armar a imprensa da Prefeitura, que se apropriou destas calúnias ditas no Sindnotícias para atacar o Núcleo de São Gonçalo, como aconteceu no Jornal O São-gonçalense de 31 de maio de 2011. É o “fogo amigo” fortalecendo o prefeito Jaime Calado, inimigo principal dos servidores.

As condições desiguais entre as duas chapas
Concordamos que houve desigualdade entre as duas chapas, as condições das duas chapas foram bastante diferenciadas. A Chapa 1 fez sua campanha com a ajuda financeira de sindicatos que apoiaram a chapa.

Já a chapa 2 contou com todo apoio político e financeiro da diretoria estadual do Sindsaúde. Foi o que vimos na campanha e também na eleição. Os carros do Sindaúde foram amplamente utilizados pela chapa 2 para fazer sua campanha. Na eleição, dois dos três carros rodaram com membros da chapa 2 e diretores estaduais.

Perguntamos: a chapa 2 tem mais “direitos” que a chapa 1? Quem financia o Sindsaúde não são todos os sócios? Cabem privilégios para uns? Dizemos que não. A atual direção do Sindsaúde utiliza o patrimônio do sindicato não por critérios democráticos, mas de forma tendenciosa como também ficou claro na eleição da Regional de Mossoró, onde os carros estavam à disposição da chapa apoiada pela diretoria estadual, com a diferença de que cobriram o nome do sindicato na porta do automóvel. Em São Gonçalo, nem este “cuidado” foi verificado.

É importante esclarecer que as campanhas de chapas que disputam os sindicatos devem procurar ajuda financeira de outras entidades e fazer campanha financeira com rifas, festas, etc. e não utilizar os recursos do sindicato. A utilização de recursos do Sindicato para apoiar qualquer chapa que dispute as eleições só deve ser feita se for aprovada pelo menos na direção do sindicato e distribuída de forma igual. Todas as chapas devem receber a mesma ajuda financeira e não privilegiar apenas uma chapa. Do contrário, não seremos diferentes dos governos que se utilizam dos recursos públicos para suas campanhas eleitorais.

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Rede Estadual de Educação

Parada do Orgulho LGBT: a necessidade da politização

Aumenta a pressão pela politização da maior manifestação pelos direitos LGBT’s do mundo. Houve avanços, mas é preciso mais


A edição 2011 da Parada do Orgulho LGBT (lésbicas, gays, bissexuais e travestis e transexuais) de São Paulo contou, no domingo, dia 26 de junho, com a participação de uma multidão calculada em 3 milhões de pessoas, apesar da incessante chuva que caiu sobre a capital paulista desde a manhã e se intensificou no início da tarde.

Convocada pela Associação da Parada sob um lema de gosto e conteúdo questionáveis – “Amai-vos uns aos outros: basta de homofobia” – o evento tinha como um de seus principais objetivos, segundo a ONG que o organiza, “pedir uma trégua aos setores religiosos contra iniciativas que garantem os direitos para a comunidade LGBT”, particularmente a aprovação da PLC 122, que criminaliza a homofobia e vem sendo bloqueado pela chamada bancada evangélica no Congresso.

Como criticamos há anos, mais uma vez, em função do formato e da política adotados pela Associação, a Parada foi marcada por um tom excessivamente “carnavalesco”, que muito destoa das origens do movimento, que tem em suas raízes a Rebelião de Stonewall, ocorrida em 28 de junho de 1969, em Nova York.

O problema está longe de ser o tom festivo do evento, já que gays, lésbicas, bissexuais e travestis e transexuais têm, sim, o direito não só de se divertir mas, acima de tudo, de se expressar de acordo com seus padrões de cultura e comportamento.

O que sempre criticamos, e continuaremos fazendo, é o fato de que o evento seja organizado em função dos gigantescos “trio-elétricos” colocados na rua por boates e empresas que lucram com o “pink money”. Uma opção que, ao lado das alianças políticas (com a prefeitura, os governos estadual e federal), contribui em muito para a despolitização do evento, na medida em que praticamente inviabiliza manifestações e protestos.

Uma crítica que, felizmente, começa a ser compartilhada cada vez por mais gente, o que, talvez, tenha sido a “grande” novidade da Parada deste ano.

“Uma luta que se faz nas ruas”
Um “detalhe” para o qual os organizadores do evento não fizeram muita questão de chamar atenção é o fato de que o “bloqueio” imposto pela bancada evangélica foi vergonhosa e escandalosamente negociado pela presidente Dilma, em troca de votos na tentativa de salvar o pescoço corrupto de Palocci.

Um fato que foi lembrado por José Maria de Almeida, que falou em nome da Central Sinsical e Popular - Conlutas no principal carro de som, na abertura da Parada:
“As negociatas de Dilma, a postura reacionária de gente como Bolsonaro e amplos setores do congresso demonstram que não podemos confiar neste caminho para a conquista dos direitos que os homossexuais precisam e merecem. A luta contra a homofobia, que vitima cada vez mais jovens nas ruas de São Paulo, também não depende de quem está em cima destes carros de som. Esta é uma luta que se faz nas ruas”.

Cabe lembrar que o mesmo Zé Maria foi um dos companheiros que foi agredido e detido (juntamente com outros militantes da central) na edição 2008 da Parada, quando, por iniciativa da Associação, a polícia foi convocada para retirar o carro de som que havia sido organizado pela entidade.

Este ano, contudo, o presidente da Associação, Ideraldo Beltrame, esteve na sede da CSP-Conlutas para convidar a entidade para o evento. Uma mudança de postura que reflete, em primeiro lugar, o justo reconhecimento da atuação da entidade, através de seu setorial LGBT, nas muitas manifestações que foram organizadas nos últimos meses contra os ataques homofóbicos.

Mas, também, só pode ser explicada pela crescente pressão por mudanças no “tom” e formato da Parada de São Paulo. Algo ressaltado até mesmo por um vídeo da TV UOL, intitulado “Homossexuais criticam tom "carnavalesco" da Parada Gay”, que circulou amplamente pela Internet.

Foi esse mesmo questionamento que levou o grupo Anti-Homofobia, que se organizou através do Facebook, não só a promover diversas manifestações desde o final de 2010, como também a participar da organização, nesta Parada, de um “bloco”, com o objetivo de conquistar um espaço para manifestação política e para o protesto no interior da Parada.

Um objetivo que, segundo Felipe Oliva, do “Anti-homofobia” foi plenamente atingido:
“Apesar de ‘pequena’ no meio deste mar de gente, nossa participação é importante. Conseguimos, através de nossas falas, não só levar o debate político para os milhares que estavam ao nosso redor, atingindo inclusive um público que não tem acesso às redes sociais na internet”.

Os militantes da CSP-Conlutas, por compartilharem deste mesmo objetivo, se localizaram durante a Parada junto ao carro de som organizado pelo “bloco” e o companheiro Guilherme Rodrigues, lamentavelmente, vítima de uma das muitas agressões homofóbicas que pipocaram em São Paulo, no início do ano, foi convidado a falar no carro de som.

Falando também em nome do setorial LGBT da CSP-Conlutas, Guilherme lembrou:
“Hoje é dia de festa, porque a gente tem orgulho de ser o que é. Mas, também, é dia de luta, porque não podemos esquecer todos aqueles e aquelas que foram assassinados, que sofreram ou foram humilhados, exatamente porque somos o que somos. Mas, acima de tudo, é dia de luta. É dia de resgatar o espírito de Stonewall e de lembrar que a luta contra a homofobia não pode servir como moeda de troca para salvar políticos safados, nem pode ser pisoteada por fascistas e reacionários. Por isso, estamos aqui para celebrar o pouco que conquistamos, mas, acima de tudo, para demonstrar nossa disposição de seguir lutando até que tenhamos todos os direitos que precisamos e merecemos”.

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Fora Micarla!

Ocupação da Câmara Municipal de Natal já dura uma semana

Desde o último dia 7, dezenas de estudantes mantêm uma ocupação pacífica, exigindo a instalação de uma Comissão Especial de Inquérito (CEI) para investigar contratos feitos pela Prefeitura de Natal.

A capital do Rio Grande do Norte tem vivido dias de Egito. Desde o último dia 7, dezenas de estudantes mantêm uma ocupação pacífica na Câmara Municipal de Natal. Os manifestantes exigem a instalação de uma Comissão Especial de Inquérito (CEI) para investigar os contratos feitos pela Prefeitura, que estão sendo averiguados pelo Tribunal de Contas do Estado e pelo Ministério Público por suspeita de superfaturamento. Hoje, o pátio da Câmara de Vereadores já se transformou na Praça Tahir do movimento “Fora Micarla!”, que também pede a saída da prefeita Micarla de Souza (PV) do comando do executivo.

Surgido de maneira espontânea, tendo à frente a juventude de Natal, o movimento começou a se formar ainda na luta contra o aumento na tarifa de ônibus no início do ano e ganhou força à medida que absorveu outras reivindicações. Entre as principais, estão a luta contra a privatização e terceirização das unidades de saúde, o abandono da educação pública, a desvalorização dos servidores e o completo descaso com os serviços mais básicos, como a coleta de lixo e a manutenção das vias.

Criminalização do movimento
Embora pacífica e respaldada pela população, a ocupação pelo “Fora Micarla” vem sofrendo com a criminalização do movimento e com constantes ameaças de intervenção policial. A Câmara de Vereadores, através do advogado da Prefeitura, entrou com um mandado de segurança contra o salvo conduto concedido pelo juiz da 7ª Vara Criminal, que autorizou os manifestantes a permanecerem na Câmara Municipal. O desembargador Dilermando Mota chegou a atender ao pedido da Câmara e a permitir o uso da polícia para retirar os manifestantes, mas a comissão jurídica dos estudantes e a OAB, que tem apoiado o movimento, conseguiram suspender temporariamente a decisão.

Entretanto, o clima de tensão é constante, já que a todo o momento os ocupantes são surpreendidos com novos pedidos da Câmara Municipal à Justiça para que os estudantes sejam retirados. Além disso, o presidente da Casa, Edivan Martins (PV), se recusou a assinar um acordo no qual se comprometeria com a realização de uma audiência pública para discutir os contratos do município e a instalação da Comissão Especial de Inquérito (CEI). Caso a presidência da Câmara aceitasse e cumprisse imediatamente o acordo, os manifestantes estariam dispostos a desocupar o prédio.

Solidariedade na luta
Para reforçar o movimento “Fora Micarla!”, os estudantes têm recebido apoio de sindicatos, centrais sindicais, entre elas a CSP-Conlutas, e outros movimentos sociais, como o MST e o MLB (Movimento de Luta por Bairros). A Assembleia Nacional dos Estudantes Livre (ANEL) tem estado presente desde o começo. Durante o dia, centenas de pessoas passam pela ocupação, levando solidariedade e apoio material aos ocupantes. Desde que teve início, com a realização de grandes manifestações pelas ruas da cidade, o movimento “Fora Micarla!” vem ganhando força e construindo uma unidade com diversas categorias de trabalhadores em luta.

A perspectiva dos estudantes é aumentar o número de pessoas na ocupação em defesa do impeachment da prefeita Micarla com o reforço de setores dos movimentos sociais. Entretanto, a postura do PT tem sido a de desocupar a Câmara Municipal com a garantia apenas da realização da audiência pública e da instalação da Comissão Especial de Inquérito. “O PT tem como objetivo institucionalizar a luta do movimento, jogando peso na Comissão Especial de Inquérito e desmobilizando a ocupação dos estudantes e a luta nas ruas. Isso só irá fortalecer os vereadores de oposição à prefeita para as eleições de 2012. É preciso, na contramão dessa política, reforçar a ocupação em torno da defesa do Fora Micarla e de todas as pautas do movimento, e não centrar nossas forças na via institucional.”, defendeu Wilson Silva, militante da ANEL.

Prefeita chama manifestantes de golpistas
Em entrevista coletiva nesta terça-feira (14), a prefeita de Natal, Micarla de Souza, tentou desqualificar o movimento acusando-o de “golpista”. “A prefeita é rejeitada por quase 90% da população, segundo pesquisas recentes. A cidade está um caos. O povo não tem acesso à saúde, educação e transporte de qualidade. Aqui, nesta ocupação, estão presentes estudantes, trabalhadores, sindicatos, movimentos sociais. Onde está o golpe?! O impeachment de Collor foi um golpe por acaso?! O movimento é legítimo porque não suporta mais essa situação em Natal. Se alguém deu golpe, foi a prefeita.”, afirmou Wilson Silva.

Neste momento, o Tribunal de Contas do Estado (TCE) e o Ministério Público investigam uma série de irregularidades nos contratos feitos pela Prefeitura, principalmente os referentes aos aluguéis do município. As primeiras investigações apontam indícios da existência de contratos sem prazo de vigência ou forma de pagamento ao locatário do imóvel. Também estão em fase de apuração contratos em que prédios da Prefeitura de Natal, marcados como próprios, são alugados pela própria administração.

Solidariedade

Natal faz ato público em solidariedade aos bombeiros do RJ

A última sexta-feira, dia 10, fez o vermelho ressurgir como a cor da luta de todos os trabalhadores. Em solidariedade aos 439 bombeiros presos a mando do governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB), foi realizado um ato público no Calçadão da Rua João Pessoa, no centro de Natal. A manifestação que exigia a liberdade e anistia daqueles trabalhadores – aprisionados por lutarem por melhores salários e condições de trabalho – contou com a presença das Associações de Bombeiros e Policiais Militares do Rio Grande do Norte, sindicatos, partidos de esquerda e a CSP-Conlutas. Todos os manifestantes foram ao ato vestidos de vermelho.

Em nota distribuída durante a manifestação, as Associações Representativas dos Policiais e Bombeiros Militares do RN expressaram apoio e solidariedade à luta de seus companheiros do Rio. “A luta dos profissionais fluminenses por condições mínimas de trabalho e salários dignos reflete a realidade da categoria em todo o país: trabalhadores que arriscam suas vidas para salvar a população têm sido abandonados há décadas pelos sucessivos e irresponsáveis governos. Por isso, a luta dos bombeiros do RJ também é nossa, pois conhecemos de perto o descaso com os servidores da segurança pública e a criminalização contra aqueles que ousam denunciar as precárias condições de trabalho.”, diz trecho da nota.

Para Rodrigo Maribondo, presidente da Associação dos Bombeiros do RN, é preciso apoiar as ações realizadas pelos bombeiros do Rio. “O Rio Grande do Norte está aqui se manifestando publicamente e levando à sociedade a necessidade de se apoiar as ações dos bombeiros do Rio de Janeiro, que estão apenas reivindicando seus direitos. Depois da liberdade conseguida através de um habeas corpus, é preciso agora reivindicar a anistia de todos os envolvidos no processo reivindicatório e a abertura da negociação salarial. Mesmo porque a proposta sinalizada pelo governador é ridícula e não atende aos interesses da corporação.”, declarou Maribondo.

Sobre a necessidade de desmilitarização das corporações, o presidente da Associação de Bombeiros foi taxativo: “Nós entendemos que Polícia Militar e Corpo de Bombeiros Militar não deveriam nunca ser militares. O Corpo de Bombeiros, por exemplo, tem o papel de socorrer, salvar e preservar bens. Não há razão para ser militar. Só somos militares porque herdamos uma estrutura das forças armadas.”, disse.

Em resposta aos insultos do governador Sérgio Cabral aos bombeiros do RJ, o professor e militante da CSP-Conlutas no Rio Grande do Norte, Dário Barbosa, afirmou que covardes são aqueles que não respeitam os trabalhadores. “Os que pagam baixos salários, desrespeitam direitos básicos e reprimem aqueles que lutam por melhores condições de vida e trabalho é que são os verdadeiros vândalos e bandidos. Estes, sim, são os covardes.”, destacou Dário.

Denúncias
O ato público em Natal também serviu para revelar uma série de denúncias sobre as péssimas condições de trabalho dos bombeiros do Rio Grande do Norte. As informações mostram o descaso do governo com esse importante serviço prestado à população, assim como a irresponsabilidade com a segurança daqueles que tem a missão de salvar vidas. Ao todo, o RN dispõe de apenas 656 bombeiros para atender ocorrências em 167 municípios. Somente as cidades de Natal, Mossoró, Caicó e Pau dos Ferros possuem uma unidade da corporação, quando o ideal seria que cada município com mais de 25 mil habitantes possuísse uma unidade.

De acordo com a ONU, deveria haver um bombeiro para cada 100 mil habitantes. Se essa orientação mínima fosse seguida, o Rio Grande do Norte teria cerca de 3.300 bombeiros, já que a população do Estado ultrapassa os três milhões. Em Natal, a corporação sofre com o número insuficiente de caminhões de socorro e com a falta de investimentos em materiais de trabalho. Para se ter uma ideia do descaso, basta afirmar que as capas de aproximação (equipamento usado pelos bombeiros no combate a incêndios) possuem três anos de vida útil, e em Natal todas as que são usadas já estão vencidas.

Como em todos os serviços públicos, os atuais governos demonstram uma dupla irresponsabilidade diante do Corpo de Bombeiros: não se importam nem com os servidores nem com quem precisa do serviço.

Lutas

SINDSAÚDE DE SÃO GONÇALO CONVOCA AGENTES DE SAÚDE PARA RETOMAR AS LUTAS

Os agentes comunitários de saúde e os agentes de combate às endemias
de São Gonçalo do Amarante recebem o pior salário da Grande Natal. Sindicato convoca assembleia para debater plano de lutas.

O prefeito Jaime Calado, do PR, negou todas as reivindicações dos agentes de saúde e ainda implantou uma Gratificação de Produtividade que mais humilha do que gratifica a categoria. O valor representa apenas 40% do que recebe um servidor de nível médio e elementar. Ou seja, enquanto um técnico de enfermagem e um ASG de uma unidade de saúde recebem mensalmente R$136,40, os agentes de saúde recebem o equivalente a R$ 55,00 por mês.

Difíceis também são as condições de trabalho dos agentes de saúde, que há dois anos não recebem fardamento, nem possuem todos os equipamentos para fazer o tratamento dos focos do Aedes Aegypti. Além disso, ainda falta material de expediente e EPIs, sem contar que os agentes estão constantemente adoecendo.

Apesar das reivindicações do Sindsaúde, o prefeito se mostrou insensível a esta categoria, demonstrando que não reconhece e nem dá valor a estes importantes trabalhadores. Por isso, o Sindsaúde convoca mais uma vez os Agentes Comunitários de Saúde e os Agentes de Endemias a se organizarem e lutar para conquistar melhores condições salariais e de trabalho.

quinta-feira, 9 de junho de 2011

Fora Micarla!

Estudantes voltam às ruas de Natal para exigir impeachment de prefeita

"Fora Micarla! Fora Paulinho! Arruma a mala e vai saindo de fininho!". Essa foi uma das palavras de ordem mais cantadas pelos cerca de 300 estudantes que protestaram nas ruas de Natal na manhã desta terça-feira, dia 7. Nem mesmo a forte chuva impediu os manifestantes de realizar a terceira passeata exigindo o impeachment da prefeita Micarla de Sousa (PV) e de seu vice, Paulinho Freire. Nos últimos dias, sem ter a chuva para atrapalhar, as duas primeiras manifestações do movimento “Fora Micarla!” reuniram uma média de 2500 pessoas, entre trabalhadores e estudantes.

Os protestos vêm pedindo a saída da prefeita diante do quadro caótico em que se encontra a capital do Rio Grande do Norte. São ruas esburacadas, praias poluídas, coleta de lixo irregular, escolas funcionando precariamente, serviços de saúde sendo privatizados e servidores mal remunerados. Após uma caminhada pelo centro da cidade, com direito à parada em frente à sede da Prefeitura, os estudantes seguiram até a Câmara de Vereadores, onde mantêm uma ocupação neste momento.

Ocupar e resistir
O protesto seguiu até a Câmara Municipal de Natal com o objetivo de pressionar os vereadores a iniciarem o processo de impeachment da prefeita Micarla. Com muita irreverência, faixas, cartazes e narizes de palhaço, os estudantes ocuparam o auditório do prédio aos gritos de “Fora Micarla!”. Separados do plenário da Câmara por uma proteção de vidro, os manifestantes exigiam que os vereadores se posicionassem sobre o impeachment. Sob um coro de vaias e muito protesto, o presidente da Casa, vereador Enildo Alves, decidiu encerrar a sessão. Ele ainda classificou o movimento como baderneiro e anti-democrático.

Depois de encerrada a sessão, os estudantes resolveram manter a ocupação com um acampamento no pátio da Câmara. “O entendimento do pessoal é manter a ocupação sem previsão de sair. Também queremos construir um grande ato com todas as centrais sindicais, sindicatos e entidades estudantis para fortalecer o movimento e ter mais visibilidade diante da população. De acordo com vereadores da oposição, a abertura do processo de cassação do mandato da prefeita poderia ser iniciada com o recolhimento de 15 mil assinaturas. A gente só pretende sair daqui quando conseguir o impeachment da prefeita. E nós não vamos parar por aí”, disse o estudante e militante da ANEL Luiz Lima.

"Ô, ô, ô Micarla! Não fuja não! A juventude vai fazer revolução!"
Embalados pelas revoluções em curso no Oriente Médio e Norte da África, com forte participação da juventude, os estudantes de Natal mostraram disposição para fazer história com o movimento pela derrubada da prefeita Micarla. Nas ruas da cidade ou na ocupação da Câmara, os manifestantes repetiam numa só voz um aviso em forma de palavra de ordem. "Ô, ô, ô Micarla! Não fuja não! A juventude vai fazer revolução!", cantavam.

Apoiando o protesto desde seu início, a professora Amanda Gurgel também defendeu o impeachment da prefeita. “Não somos obrigados a engoli-la porque ela foi eleita. Mandatos deveriam ser revogáveis. Se não presta, rua. E Micarla não presta para governar Natal”, destacou Amanda.

Os manifestantes estão se organizando para coletar as 15 mil assinaturas, o que equivale a 3% do eleitorado de Natal. Em seguida, o objetivo é apresentar o pedido de impeachment formalmente à Câmara Municipal. Dessa forma, mesmo a contragosto, os vereadores serão obrigados a votar o afastamento da prefeita Micarla de Sousa. "Mas não basta pedir o impeachment da prefeita. Nós também não queremos o vice Paulinho Freire. É preciso derrubá-los nas ruas", defende Amanda.

Denúncia

SUSPEITA DE TRANSFERÊNCIA DA OBSTETRÍCIA DO HOSPITAL DE ASSÚ DEIXA SERVIDORES EM ALERTA

Os servidores do Hospital Dr. Nelson Inácio dos Santos, em Assú, estão em alerta por causa de uma suspeita que ronda os corredores do local. De acordo com servidores do hospital, circula um “boato” de que o setor de Obstetrícia estaria ameaçado de ser transferido para uma clínica privada do município. Segundo informações, o principal interessado na mudança seria um médico que trabalha como clínico geral no hospital de Assú e seria sócio majoritário da referida clínica.

Embora não haja nenhuma informação oficial sobre uma possível transferência da Obstetrícia, os servidores ficaram preocupados com a medida, que significaria o fechamento do setor. A clínica privada já possui convênio com o SUS e seria beneficiada com mais recursos públicos caso a mudança ocorra.

Sesap desconhece plano de transferência
Entre o final de maio e o início deste mês, o Sindsaúde Mossoró tomou conhecimento da denúncia e foi até Assú para investigar o caso. Em reunião com o diretor geral do hospital, Flávio Cruz, o sindicato soube que a transferência do setor é discutida há mais ou menos seis anos de forma extra-oficial. Entretanto, o diretor afirmou que a Secretaria de Estado da Saúde Pública do RN (SESAP) desconhece esse plano de mudança da Obstetrícia. O próprio diretor se mostrou contrário ao possível projeto. “Não tem o menor sentido isso. Aqui nós temos todas as condições para garantir o funcionamento da maternidade, o que já não existe nessa tal clínica. Eu sou contra a transferência do serviço.”, disse.

O coordenador do Sindsaúde Mossoró, João Morais, conversou com a subsecretária de saúde pública da Região Oeste, Dorinha Burlamaqui, que também negou a intenção do governo em transferir o serviço para uma clínica privada. “As fontes oficiais negaram que houvesse qualquer movimentação no sentido de terceirizar a Obstetrícia. O que existe são só os boatos da vontade desse médico. Mas o sindicato vai ficar de olho na situação para impedir a transferência e o fechamento deste serviço.”, destacou João Morais.

A também coordenadora do Sindsaúde, Maria das Dores, servidora no hospital de Assú, alertou sobre os prejuízos de uma possível transferência da Obstetrícia para uma clínica privada. “Com uma transferência do serviço, todos os servidores do hospital seriam prejudicados com a diminuição de 40% da Produtividade. Além disso, os seis obstetras daqui ficariam sem ter onde trabalhar, já que o setor seria fechado e terceirizado. Todos os trabalhadores são contra isso. Os recursos do SUS são públicos e devem ser investidos na saúde pública, e não em clínicas privadas.”, afirmou Maria das Dores.

Os serviços do Hospital Dr. Nelson Inácio dos Santos abrangem 16 municípios da região, entre eles Alto do Rodrigues, Angicos, Carnaubais, Ipanguaçu, Itajá, Paraú e Pendências. O setor da Obstetrícia possui 14 leitos e realiza por mês uma média de 60 a 70 partos. Por falta de investimentos e irresponsabilidade dos governos, o hospital não dispõe de uma UTI Neonatal, o que obriga os pacientes a serem transferidos para outros hospitais.