quinta-feira, 14 de julho de 2011

Absurdo

PREFEITURA DE SÃO GONÇALO TRANSFORMA CENTRO DE ZOONOSES EM DEPÓSITO DE PNEUS E GERA FOCOS DE DENGUE


Comunidade de Canaã, São Gonçalo do Amarante/RN, 11 de julho de 2011. A imagem que o diretor do Sindsaúde, Vivaldo Dantas, presenciou no local onde deveria funcionar o Centro de Zoonoses do município era inacreditável. No terreno que pertence ao espaço destinado ao centro, centenas de pneus estavam amontoados e expostos ao ar livre sem nenhum tipo de proteção. E o pior: dezenas deles tinham água acumulada e apresentavam focos de dengue. Segundo informações, os pneus são trazidos de outros lugares do município e depositados no local por orientação da Prefeitura, através da Coordenação de Endemias.

A denúncia foi feita por moradores da própria comunidade, que estão assustados com o perigo que a situação vem causando. Dona Izaurina dos Santos, de 82 anos, moradora do Canaã, contou que os pneus estão no lugar há mais ou menos dois anos. Ela informou também que a casa em frente ao Centro de Zoonoses pertence
ao filho dela e que ele decidiu colocar o imóvel à venda. “O meu filho saiu daqui com cinco crianças pequenas porque os meninos estavam adoecendo. Dois netos meus tiveram dengue e eu já tenho outra neta aqui que tá com os sintomas. Isso é responsabilidade do prefeito, que tem que tirar esses pneus daqui.”, disse dona Izaurina.

A jovem Teresa Raquel, de 24 anos, neta de dona Izaurina e também moradora da comunidade, disse que os pneus representam um risco para a população. “Isso daí é um risco. Esses pneus estão gerando o mosquito da dengue e prejudicando a saúde da população toda. Eu quero que a Prefeitura tome uma providência porque, inclusive, o coordenador de endemias, Flávio Tinoco, disse que aqui não tinha risco nenhum, que a gente fica
sse despreocupada. Mas não é o que está acontecendo. Aí tá cheio de mosquitos da dengue como vocês puderam comprovar.”, denunciou Teresa.

RN tem mais de 15 mil casos de dengue
No dia 1º de julho, a Secretaria de Estado da Saúde Pública (Sesap) divulgou o mais recente boletim da dengue, com dados coletados até o último dia 25 de junho. Em todo o Rio Grande do Norte foram notificados 15.722 casos da doença. Deste número, 5.656 foram confirmados.

Noventa e nove municípios do estado estão com incidência alta em dengue. Entre eles está São Gonçalo do Amarante, com 513 casos notificados. Do início do ano até agora, já ocorreram 34 óbitos no RN com suspeita de dengue. Doze mortes foram confirmadas. “O prefeito de São Gonçalo do Amarante, ao invés de contribuir para diminuir os casos crescentes de dengue no RN, está trazendo os focos para dentro da cidade. Não adianta de nada o agende de endemias fazer seu trabalho, tratando as casas no dia a dia, quando o principal responsável pela proliferação do mosquito é o próprio prefeito.”, afirmou Vivaldo Dantas, diretor do Sindsaúde.

O Centro de Zoonoses, que deveria combater o Calazar, está desativado. Informações dão conta de que, na verdade, ele nunca chegou a funcionar. Enquanto isso, a população fica exposta a todo tipo de doenças.

Agentes de Endemias amargam condições precárias de trabalho
Para combater a dengue em São Gonçalo, os agentes de endemias realizam verdadeiros sacrifícios. Muitos deles trabalham sem material de segurança e de expediente. É constante a falta de luvas, máscaras, lanternas, botas, fardamento, lápis, protetor labial e boné.

Como se não bastasse isso, os agentes ainda recebem o pior salário entre os municípios da Grande Natal. Mesmo São Gonçalo possuindo a 4º maior arrecadação do Estado, cerca de R$ 90,9 milhões (dados do Tesouro Nacional), a Prefeitura paga apenas R$ 545 de salário-base aos trabalhadores que lutam para combater a dengue na cidade. Doença que o prefeito, inclusive, está ajudando a espalhar.

Para se ter uma ideia de como é baixo o salário do agente de endemias, basta olhar o município de Extremoz. Com uma arrecadação de R$ 23,4 milhões, a cidade pagava no ano passado R$ 800 de salário-base a seus agentes. Ainda é um valor baixo, mas consegue ser bem maior do que o de São Gonçalo.

Abaixo, veja o vídeo feito no local.


terça-feira, 5 de julho de 2011

Sindicato

OPOSIÇÃO CSP-CONLUTAS APRESENTA BALANÇO DO II CONGRESSO EXTRAORDINÁRIO DO SINDSAÚDE-RN

Nos dias 20 e 21 de maio, ocorreu em Caicó o 2º Congresso Extraordinário do Sindsaúde-RN. Com a participação de 314 delegados (as), os congressistas tiveram a tarefa de aprovar um novo estatuto para a entidade. Foram inscritas duas teses com um conjunto de propostas: a Tese 1, da diretoria do Sindsaúde, e a Tese 2, da Oposição CSP-Conlutas no Sindsaúde.

O congresso é a maior instância do nosso Sindicato, é nele que as principais decisões sobre a entidade e a categoria são tomadas. Sendo assim, todas as vezes que ocorram congressos deve haver um tempo de conhecimento prévio das teses para que a base possa debater e participar das decisões. Infelizmente, não foi o que aconteceu no 2º Congresso Extraordinário.

Os congressistas conheceram as teses no dia do congresso e em um dia e meio tiveram que votar propostas importantes para a categoria e para entidade. E o que poderia significar um avanço na democracia e na participação da base não aconteceu. Mesmo assim, houve as votações das teses e o estatuto da entidade foi alterado.

CONGRESSO ACABOU COM A SECRETARIA DE AGENTES DE SAÚDE
O fim da Secretaria de Agentes de Saúde pegou a maioria dos congressistas de surpresa. Nem a oposição adivinhou que a diretoria do Sindsaúde poderia sair com uma proposta desta. Na nossa avaliação, a única explicação para esta atitude é o enfraquecimento cada vez maior desta categoria dentro do Sindsaúde e a sua migração para outros sindicatos, como já está acontecendo em Natal.

Como retirar da organização de um sindicato a secretaria que pensa e constrói a luta dos agentes de saúde? O argumento utilizado pela direção do Sindsaúde foi o de que hoje esta categoria é igual às outras. Isso não é verdade. Muitos agentes ainda são da CLT, enquanto os servidores são estatutários, e quando são estatutários recebem baixos salários e não têm todos os direitos garantidos. Como equiparar a situação dos agentes de saúde com a de médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem? Não são iguais e precisam muito do apoio e do fortalecimento do Sindsaúde nas suas lutas.

Com esta atitude, a diretoria do Sindsaúde abre as portas da entidade para que os agentes de saúde ingressem no Sindas. Este foi o sentimento dos agentes de saúde do Seridó, de Mossoró e da maioria das outras regiões que viram perplexas o plenário do congresso extinguir a Secretaria de Agentes de Saúde. É lamentável!

PROPOSTAS DA TESE 2 QUE DEIXARAM DE SER APROVADAS

• A criação de três coordenações para descentralizar o poder de comando do Sindsaúde, que hoje é dirigido por um único diretor;

• O conhecimento prévio pela base das teses inscritas nos congressos num período de 3 meses;
• A participação da base nas comissões de organização dos congressos;
• A eleição do Conselho Fiscal através de uma lista nominal e não integrada às chapas para dar mais autonomia e independência na fiscalização das contas do Sindicato;
• O aumento do repasse para as coordenadorias regionais de 50% para 60%, possibilitando descentralizar recursos da diretoria estadual para que as regionais possam ter melhores condições de funcionamento, assessorias de comunicação, assessoria jurídica, transporte, entre outros;
• A criação de uma secretaria dos servidores de Natal para que esta tivesse mais autonomia e organização para dar respostas às necessidades desta categoria, uma vez que os mesmos diretores que encaminham as lutas do estado também têm a tarefa de encaminhar as de Natal.

Nossa Tese apresentou propostas que não foram acatadas pela maioria dos congressistas, mas que sabemos que a falta de conhecimento prévio e de debate na base foram definidores para que estas propostas não passassem e para que a diretoria do Sindsaúde aprovasse a maioria das suas propostas.

A falta de democracia marcou todo o processo de organização do congresso. Já na sua convocação os sócios só ficaram sabendo da sua realização trinta dias antes do congresso. As assembleias para escolha de delegados só foram divulgadas dois dias antes de acontecerem. Assim, trabalhadores que não estavam de plantão nos dias não tiveram oportunidade de se organizar e disputar as vagas do seu local de trabalho.

No entanto, enquanto a maioria só soube das assembleias para escolha de delegados (as) dois dias antes, os diretores do Sindicato já se articulavam pessoalmente com alguns sócios, coletando nomes e documentos para assegurar a sua ida para o congresso um mês antes. De fato, se utilizaram de informações privilegiadas para já garantirem sua maioria no congresso.

A ausência de debate das teses na base das categorias e a falta de transparência e democracia na escolha dos delegados foram as táticas utilizadas para garantir a maioria no congresso. Afirmamos isto com convicção, pois jamais a base seria a favor de, por exemplo, acabar com a secretaria de agentes de saúde num momento em que o Sindsaúde disputa esta categoria com outros sindicatos.

Enquanto o debate sobre os rumos do Sindsaúde não forem descentralizados para as bases dos trabalhadores, nenhum congresso poderá ser chamado de democrático, pois os delegados que lá estiveram só conheceram as propostas das teses no dia do congresso e já tiveram que tomar decisões pelos 17 mil sócios que representavam. De fato, não representaram a sua base, mas a si mesmos.

COOPERATIVA DE CRÉDITO
Um dos pontos do debate que ocorreu no congresso foi a denúncia que representantes da Tese 2 fizeram sobre a falta de democracia nas decisões de questões importantes que atingem os sócios do Sindsaúde, como o caso da decisão da diretoria de participar da criação de uma cooperativa financeira que terá como objetivo gerar lucro para o sindicato, funcionando como um banco. Esta decisão se deu sem discussão com a base, demonstrando que a atual diretoria do Sindsaúde não tem nenhum respeito pelo que pensa o conjunto dos trabalhadores. Esta discussão forçou a aprovação de uma proposta da Tese 2, que estabeleceu que qualquer investimento financeiro e compra de bens do sindicato deve ser decidido em assembleia estadual mobilizada com um mês de antecedência.